25.5.10

NOITE NEGRA ...

Nos dias em que passei perdida na tempestade
Nau à deriva, por vezes presa em atóis de tristeza
Com olhos cegos pela densa neblina da maldade

Senti-me como um ser sem a devida autoridade
Pertinente a quem se julgava senhor da certeza
Certeza na vida, no amor e, sobretudo, na verdade

Senti-me como se o chão se abrisse sem piedade
E que meu corpo adoentado pela irreal aspereza
Caía, despencava em um abismo de temeridade

Quando enfim alcancei o fundo da tal profundidade
E bati com as duas mãos no chão da impureza
Pude então voltar com fúria e tenacidade

Pude sentir em minhas entranhas energia em quantidade
Que poderia recriar, pedra a pedra, uma fortaleza
Que poderia roubar da Lua Branca, a claridade

k.chiabotto